PDR2020-8.1.5-FEADER-017338
A Zona de Intervenção Florestal (ZIF) de São Bartolomeu de Messines Norte, localizada na Serra do Caldeirão, compreende uma área de 2303 hectares. Trata-se de uma zona dominada por solos xistosos e clima tipicamente mediterrânico (caracterizado por estios moderadamente quentes e secos). O estrato vegetal é maioritariamente constituído por espaços florestais onde se destacam os povoamentos puros adultos de sobreiro (Quercus suber). Estas formações apresentam aqui uma tipologia vulgarmente denominada de sobreirais, caracterizada por exemplares de menor porte e com densidades superiores aos montados. É também característica destes espaços a inexistência de aproveitamento ativo do subcoberto encontrando-se este normalmente ocupado por matos dominados de esteva (Cistus ladanifer). Em termos biogeográficos a área da ZIF encontra-se bem dentro do Superdistrito Serrano Monchiquense. De acordo com Costa, et al.1 Este território é “constituído pela Serra síenitica de Monchique e serras xistosas (também quartzíticas e metavulcaníticas) e graníticas, em geral de baixa ou média altitude (Grândola, Cercal, S. Luis, Espinhaço de Cão, Caldeirão). Encontra-se quase todo no andar termomediterânico sub-húmido a húmido, excepto nas zonas mais elevadas em que o atinge o mesomediterrânico húmido”. De acordo com o mesmo autor, o Myrto-Quercetum suberis constitui a etapa florestal potencial dominante. Nestas formações boscosas dominam plantas como Quercus suber, Quercus broteroi, Smilax mauritanica, Asparagus aphyllus, Rubia longifolia, Deschampsia stricta, Hedera helix subsp. canariensis.Na sua orla e também como primeira etapa de substituição ocorre o medronhal Phillyreo angustifoliae-Arbutetum unedonis (Arbutus unedo, Phillyrea angustifolia, Viburnumtinus, Erica arborea, Erica scoparia). Estas informações relevam o carácter não só autóctone como climácico dos povoamentos de sobreiro, dominantes na área da ZIF. Apesar da sua adaptabilidade às condições edafo-climaticas e do seu inegável valor ecológico, estas áreas enfrentam um conjunto de ameaças que têm resultado, em muitos casos, num significativo estado de degradação. A intensificação de usos silvícolas normalmente associados aos pinhais e eucaliptais, que resultam na alteração da ocupação do solo em vastas áreas, a recorrência de incêndios florestais com cada vez maior expressão territorial e menores períodos de retorno e a ocorrência de vários problemas sanitários potenciadores do denominado “declínio dos sobreirais” contam-se entre aqueles com maior expressão. A conjugação destes fatores, associados à idade avançada dos atuais povoamentos e às reduzidas taxas de regeneração natural permitem concluir que, no médio/longo prazo poderemos estar a assistir à inviabilidade destas áreas florestais e à consequente redução do valor ecológico e económico dos territórios de que são autóctones. A reversão deste processo de degradação reveste-se, portanto, de grande importância constituindo as ZIF, pela sua dimensão territorial os atores preferenciais para a implementação de estratégias de gestão que garantam esse objetivo. É nestas áreas, sob a supervisão de entidades gestoras com capacidade técnica para adotar as referidas estratégias com sucesso, que o investimento em intervenções que visem recuperar o potencial ecológico (como a presente Operação) tenderá a obter maiores taxas de sucesso. É neste quadro de necessidade de recuperação ecológica das áreas florestais dominadas por sobreiro que a presente candidatura se enquadra. Tendo em vista a melhoria das condições vegetativas dos sobreirais existentes na área da ZIF, bem como a potenciação do seu rejuvenescimento são propostas um conjunto de intervenções focadas essencialmente na recuperação dos exemplares adultos, na melhoria nutricional do solo e no aumento das densidades dos povoamentos. Este último facto será também central no esforço de rejuvenescimento, pretendendo-se, desta forma, assegurar a sustentabilidade dos espaços florestais, garantindo a manutenção das importantes funções ecológicas que os mesmos asseguram. Existe, nos meios académicos, uma convicção assumida de que os pinheiros são uma ótima espécie pioneira, procedendo a uma melhoria considerável da estação, preparando-a para outras espécies florestais, mais exigentes no inicio do seu ciclo de vida em relação à sombra e à matéria orgânica no solo. Como é sobejamente conhecido, tem-se acentuado, ao logo das últimas décadas, a degradação dos solos na Serra do Caldeirão, o que conjugando com o aquecimento do clima tem levado a uma degradação acelerada das condições edafo-climáticas propicias à existência da regeneração dos sobreirais nesta serra. Também tem sido demonstrado em diversos estudos académicos que as quercineas (sobreiro e azinheira têm elevadas taxas de mortalidade jovem se expostas diretamente à luz solar, sem qualquer ensombramento. No sentido de minimizar a ação negativa da excessiva exposição solar e de aumentar o teor de matéria orgânica do solo, foram plantados dois povoamentos de pinheiros ao longo dos últimos 30 anos. O primeiro puro de pinheiro bravo e o segundo misto de pinheiro manso com o sobreiro. No primeiro povoamento de pinheiro bravo pretende-se agora cortar e destruir 50% do povoamento (linha sim, linha não) e plantar os sobreiros nas linhas cortadas. Pressupõe-se que os pinheiros bravos já melhoraram a qualidade da estação, e ao deixarmos os restantes pinheiros, os mesmos irão proporcionar sombra sem entrar
diretamente em competição. No outro povoamento misto de pinheiro manso com sobreiro ir-se-á cortar 50 % dos pinheiros mansos e fazer o adensamento dos sobreiros na linha. Assim os pinheiros mansos farão a função de ensobramento dos sobreiros jovens, sem existir uma competição pelos nutrientes e água.